Os 8 fatos que marcaram o agro do Brasil em 2024
Clima fora do controle, como as enchentes no Rio Grande do Sul, e a seca e as queimadas que atingiram o Brasil ao longo do ano, marcaram o agronegócio brasileiro em 2024.
O preço do azeite disparou, e a aprovação de temas importantes para o setor no Congresso, como a Lei do Combustível do Futuro e a Lei dos Bioinsumos, também tiveram grande relevância para o agro.
Enchentes no Rio Grande do Sul impactam arroz e soja no estado
Entre o final de abril e o começo de maio, o Rio Grande do Sul enfrentou enchentes devastadoras provocadas por chuvas intensas.
Os eventos climáticos causaram danos sem precedentes, resultando no transbordamento das bacias dos rios Caí, Gravataí, Jacuí, Pardo, Sinos e Taquari, além do Lago Guaíba e da Lagoa dos Patos.
O estado, um dos maiores produtores de soja do Brasil e o principal de arroz, sofreu prejuízos em lavouras, pastos e fazendas.
Segundo a Emater-RS, as inundações nas áreas produtoras reduziram em 9% a produtividade do arroz — a expectativa inicial era de 8.325 kg/hectare, mas o número oficial, com a colheita finalizada, ficou em 7.600 kg/hectare.
A soja, que estava na fase final de colheita, também foi impactada, com uma redução de 10% na produção, para 19,65 milhões de toneladas.
Dados da Emater-RS mostram que 206.604 propriedades foram afetadas. A Farsul estima que o prejuízo do setor agropecuário no estado chegou a cerca de R$ 4 bilhões.
Com as condições climáticas mais favoráveis e a área já plantada, as previsões indicam que 2025 será um ano de recuperação, com um aumento estimado de cerca de 17% no volume de grãos produzidos no estado.
Para próximo ano, o governador Eduardo Leite (PSDB) disse à EXAME que lancará um programa voltado para a recuperação de solos, com o objetivo de ajudar na recuperação da produtividade, além de investimentos em infraestrutura.
Secas e queimadas prejudicam café e cana-de-açúcar
Uma seca histórica marcou 2024, impactando profundamente os produtores rurais. A safra de café em Minas Gerais, maior estado produtor do Brasil, registrou queda de 3,3% em 2024, com uma produção de 28 milhões de sacas de 60 quilos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) — a estiagem ocorreu durante a florada do café, etapa crucial para o desenvolvimento da colheita.
Além da seca, o Brasil registrou recordes alarmantes de queimadas em comparação a 2023. Entre janeiro e setembro de 2024, o país contabilizou 22,38 milhões de hectares queimados, um aumento de 150% em relação ao ano anterior.
Setembro foi o mês mais crítico, com 10,65 milhões de hectares consumidos pelo fogo, que atingiu principalmente as plantações de cana-de-açúcar no estado de São Paulo.
Os incêndios devastaram cerca de 414 mil hectares de áreas de cana-de-açúcar e de rebrota de cana no Brasil, causando um prejuízo estimado em R$ 2,67 bilhões aos canavicultores, segundo a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), que atualmente representa 35 associações de fornecedores de cana e mais de 12 mil produtores.
Preços do azeite nas alturas
Os preços do azeite dispararam até 50% em junho de 2024, impulsionados pela menor produção na Europa, principal região produtora.
O aumento refletiu os impactos de uma seca severa que, ao longo dos últimos dois anos, afetou as plantações de oliveiras em Espanha, Grécia e Portugal, três dos maiores produtores globais de azeite.
Na safra 2023/24, a Espanha, maior produtor mundial, colheu apenas 850 mil toneladas de azeitonas, resultado significativamente abaixo da média histórica.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação do azeite de oliva começou a desacelerar em julho de 2024.
No mês passado, o produto registrou um aumento de 25%, indicando um ritmo menor de alta em comparação ao pico de 50% registrado em junho.
Em 2025, os preços do azeite devem registrar uma queda de 20% por causa de uma maior produção europeia.
FONTE: EXAME
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